Malcolm X: um legado que continua a inspirar lutas por justiça e igualdade
Ao entender sua trajetória, conseguimos perceber a importância de questionar e desafiar o sistema opressor.
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Malcolm X foi um dos maiores líderes do movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos e sua influência vai muito além de sua época. Sua luta por igualdade e justiça, muitas vezes em confronto com os padrões estabelecidos, ainda ressoa no mundo moderno.
Ao longo de sua vida, Malcolm X passou por transformações profundas, que moldaram sua visão de liberdade e direitos humanos. Essa evolução é fundamental para entender o impacto duradouro de sua mensagem, que, mesmo décadas depois, continua a inspirar movimentos sociais.
A infância e juventude de Malcolm X
A infância de Malcolm X foi marcada por uma sequência de perdas e episódios violentos que moldaram seu modo de ver o mundo. Ainda pequeno, viu sua casa ser incendiada por supremacistas brancos e, pouco tempo depois, seu pai foi morto em circunstâncias suspeitas.
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A mãe, abalada psicologicamente e sem apoio, acabou internada, e os irmãos foram separados em diferentes abrigos e lares adotivos. Assim, ele cresceu em um ambiente dominado pelo racismo institucional, onde professores desestimulavam qualquer sonho grande vindo de um garoto negro.
Mesmo sendo um dos melhores da turma, ouviu que ser advogado não era coisa para alguém como ele. Isso não apenas feriu sua autoestima como também plantou uma revolta que cresceu junto com ele.
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A juventude de Malcolm X foi agitada, especialmente depois que ele se mudou para Boston. Ali, mergulhou em um estilo de vida urbano acelerado, envolvido com drogas, jogos e pequenos crimes. Essa fase, apesar de turbulenta, também contribuiu para a formação do seu olhar crítico sobre a desigualdade.
A prisão e a reviravolta espiritual
Quando Malcolm X foi preso em 1946 por roubo, ele já estava mergulhado em um estilo de vida cheio de excessos e a prisão não parecia, em um primeiro momento, algo transformador. No entanto, foi justamente ali que ele entrou em contato com livros que mudaram tudo.
Na prisão, ele leu filosofia, história e, principalmente, autores que falavam sobre racismo e consciência racial. Durante esse período, ele conheceu a Nação do Islã por meio de cartas enviadas por familiares, especialmente seu irmão Reginald.
A partir daí, mergulhou nos ensinamentos de Elijah Muhammad, líder do movimento, e começou a questionar cada detalhe do sistema que o oprimiu desde a infância. Logo, esse processo acendeu uma vontade intensa de mudança.
Ao sair da prisão, em 1952, Malcolm já não era o mesmo. Com uma visão clara sobre racismo estrutural e a necessidade de empoderamento negro, decidiu se dedicar totalmente à luta por justiça. A prisão, que antes parecia o fim da linha, virou o ponto onde tudo recomeçou.
A conexão com a Nação do Islã
Depois de anos imerso em conflitos pessoais e sociais, Malcolm X encontrou um novo rumo ao se aproximar da Nação do Islã. Esse contato começou ainda na prisão, quando ele recebeu cartas do irmão Reginald falando sobre os ensinamentos de Elijah Muhammad.
Certamente, a ideia de uma identidade negra fortalecida e livre da influência branca chamou sua atenção de imediato. Dessa forma, ele mergulhou nos estudos, leu sobre história afro-americana e começou a enxergar o islamismo como ferramenta de reconstrução.
Afinal, a Nação do Islã oferecia mais que religião, ela trazia disciplina, autoestima e, principalmente, uma resposta direta à opressão. Malcolm se viu ali, naquele discurso firme e direto que não aceitava submissão.
Depois da libertação, ele virou um dos principais porta-vozes do movimento. Organizou templos, viajou pelos EUA e levou a mensagem para milhares de pessoas. Aliás, a força de suas palavras vinha da vivência real e do senso de urgência.
A luta por direitos civis e justiça social
Malcolm X não seguia o caminho da diplomacia. Enquanto muitos apostavam na integração, ele falava em separação e autodefesa, sem medo de confronto. Sua luta por direitos civis era direta, apontava o dedo para o racismo institucional e denunciava a violência contra negros com clareza, sem floreio.
Inclusive, ele usava cada discurso como arma, principalmente quando expunha a hipocrisia do governo estadunidense que pregava liberdade, mas mantinha milhões em condições desumanas. Malcolm exigia justiça imediata e não promessas para o futuro.
Mesmo sem ocupar cargos políticos, influenciava como poucos. Assim, organizou comunidades, fortaleceu a autoestima do povo negro e desafiou um sistema que tentava silenciar qualquer voz que incomodasse.
Malcolm X e a relação com Martin Luther King Jr.
Malcolm X e Martin Luther King Jr. representavam dois caminhos bem diferentes dentro da mesma luta. Enquanto King defendia resistência pacífica e marchas silenciosas, Malcolm X falava em autodefesa e ação direta. Isso gerava conflito, claro, mas também deixava evidente o tamanho e a complexidade da opressão enfrentada.
Eles viviam em contextos parecidos, mas respondiam de formas opostas. Por um lado, Malcolm denunciava a lentidão das mudanças e acusava o pacifismo de alimentar a submissão. Para ele, aceitar agressão sem reação não fazia sentido diante do sofrimento diário vivido pelos negros.
Todavia, sua crítica a King não era pessoal, mas sim um alerta contra a ilusão de que o opressor cederia apenas com boa vontade. Mesmo assim, os dois se respeitavam. Em 1964, chegaram a se encontrar rapidamente no Capitólio. Foi breve, mas simbólico.
Com o tempo, Malcolm passou a reconhecer que os métodos poderiam ser diferentes, mas o objetivo era o mesmo: liberdade. Essa percepção veio mais forte depois que ele saiu da Nação do Islã e começou a enxergar novas possibilidades de união.
A evolução após a peregrinação a Meca
A peregrinação a Meca, em 1964, virou tudo de cabeça para baixo na mente de Malcolm X. Lá, ele encontrou muçulmanos de várias etnias convivendo sem divisão racial, algo que contrariava o que aprendera na Nação do Islã. Ver brancos e negros orando lado a lado fez com que ele começasse a rever boa parte de suas ideias.
Inclusive, essa viagem abriu espaço para um novo pensamento: ele passou a defender a união entre povos oprimidos de diferentes cores, desde que estivessem dispostos a lutar por justiça real. Assim, a mudança não apagou sua firmeza, mas ampliou seu olhar.
Agora, Malcolm falava de direitos humanos, não só de direitos civis. Isso mexeu com sua base e também com seus antigos aliados. Ao voltar, fundou a Organização da Unidade Afro-Americana, focada em ampliar a consciência política e denunciar o racismo em escala global.
Sendo assim, ele já não falava só para os negros dos EUA, mas também para africanos, latino-americanos e qualquer povo que enfrentasse opressão sistemática. Sua luta ganhou fôlego novo, mesmo com o risco aumentando a cada discurso.
Legado no movimento negro
O legado de Malcolm X continua pulsando em cada movimento que defende a identidade e a autonomia da população negra. Até porque ele não pediu permissão para se posicionar, nem suavizou o tom para agradar. Pelo contrário, jogou luz em temas que muitos evitavam, como racismo estrutural, controle social e violência policial.
Depois da sua morte, o impacto das suas ideias cresceu ainda mais. Inspirou desde os Panteras Negras até artistas como Public Enemy, passando por escritores e ativistas em diversos cantos do mundo. Não era só sobre lutar, era sobre entender quem se é, de onde se vem e por que isso incomoda tanto o sistema.
Hoje, coletivos antirracistas usam suas falas como guia para resistir. A frase ‘pelo que for necessário’ ainda ecoa quando o povo preto precisa se afirmar em espaços que tentam apagá-lo. Malcolm não virou símbolo por acaso, virou porque viveu exatamente o que dizia, sem filtro e sem recuo.
A morte de Malcolm X
A morte de Malcolm X aconteceu em 21 de fevereiro de 1965, no Audubon Ballroom, em Nova York. Ele discursava para a Organização da Unidade Afro-Americana quando três homens armados surgiram e atiraram várias vezes. O atentado foi rápido e calculado, em meio a uma plateia que incluía sua esposa e filhas pequenas.
Dias antes, ele já vinha recebendo ameaças constantes. Sua saída da Nação do Islã, junto com as críticas públicas que fazia à liderança do grupo, aumentou a tensão. Certamente, ele sabia do risco, mas continuava falando mesmo assim, sempre com coragem.
Durante muito tempo, o caso ficou cheio de pontas soltas. Em 2021, dois homens condenados pelo assassinato foram inocentados depois de anos de investigação. Isso expôs falhas graves no processo e levantou novas dúvidas sobre a atuação do FBI e da polícia de Nova York.
Mesmo depois de décadas, a morte de Malcolm X ainda carrega um peso de silêncio e manipulação que o próprio sistema nunca explicou direito.
É isso! Por tudo isso, Malcolm X não virou só história, virou referência. Até hoje, suas ideias cutucam, incomodam e fazem pensar. Já que chegou até aqui, conheça a história de Frida Kahlo: uma artista latina que eternizou sua dor. Até a próxima!